Entremeadamente: o fio entre o pensar e o sentir
- Anna Ashby
- 15 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de out.
Há algo de sutil que acontece entre as mentes. Entre o que se diz e o que permanece em silêncio, entre o que se mostra e o que se esconde, existe um espaço onde a alma se move. É nesse intervalo, nesse “entre”, que a psicologia acontece. Entremeadamente nasce dessa ideia: de que o encontro humano é sempre tecido por fios invisíveis. Fios de histórias, de afetos, de memórias e símbolos que nos atravessam e, pouco a pouco, nos entrelaçam uns aos outros. Na psicologia analítica, esse espaço intermediário é o temenos (1), o território sagrado da escuta onde duas consciências se encontram para transformar aquilo que antes estava aprisionado na sombra. É um lugar de revelação, mas também de mistério; de palavra, mas também de silêncio. É onde a psique se permite florescer.

O entrelaçar como símbolo de cura
A palavra “entremear” carrega a imagem do tecer de unir fios diversos num mesmo tecido. O processo terapêutico é, em essência, esse movimento: um tecer de sentido, em que os fragmentos da experiência ganham forma, os opostos se reconciliam e a vida se organiza de modo mais inteiro.
Em Entremeadamente, cada reflexão, cada texto e cada imagem propõem um diálogo entre o visível e o invisível, entre a psicologia e a arte, entre a consciência e o mistério do inconsciente. Não se trata de oferecer respostas, mas de abrir espaço para o que pede escuta.
Entremeadamente é, portanto, um convite:
a olhar com calma, a sentir com presença e a pensar com o corpo.
É um espaço de pausa em meio ao excesso de ruído.
Um lugar para lembrar que somos feitos de histórias que se entrelaçam e que, ao reconhecer esses fios, podemos nos tornar mais inteiros.
(1) JUNG, Carl Gustav. Psicologia e alquimia. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2012. (Obras completas de C. G. Jung, v. 12).